Quando era pequena, lá pelos oito ou nove anos, eu era muito agressiva, mas só batia nos meninos que me irritavam.
Dentro da sala eu era uma santa, sempre fui boa aluna, mas ai tocar o sino começava a brincadeira. “Menina pega menino” era como chamávamos, era quase um “Polícia e ladrão”; “Três tapinhas e tá pego!”. Tapinhas?!
Dentro da sala eu era uma santa, sempre fui boa aluna, mas ai tocar o sino começava a brincadeira. “Menina pega menino” era como chamávamos, era quase um “Polícia e ladrão”; “Três tapinhas e tá pego!”. Tapinhas?!
Eu era alvo de cosquinhas e cutucões, devolvia com socos e chutes, os meninos exageravam: “Têm a força de dez homens!”, e assim ganhei o apelido: Mônica.
Tinha os cabelos curtos e negros, “lambidos de vaca”, e os dentes troquei cedo, então eram bem avantajados, mas não gostava do apelido, talvez por isso tenha pegado.
Nunca fui para a coordenação, embora os meninos saíssem roxos, talvez porque fosse considerado apenas uma brincadeira. Naquela época eu não entendia porque os meninos tinham medo de mim, eu mesma considerava tudo aquilo uma brincadeira, mas o medo não os impedia de fazer gracinhas comigo. Admito que gostava de ser o centro das atenções, a única que tinha um apelido, e até que não era feio, mas na boca dos meninos soava como um palavrão.
No sexto ano eu iria para a segunda fase, acho que essa mudança acabou afetando minha consciência, então resolvi mudar e deixar de ser tão agressiva. Não foi fácil, afinal eu estava acostumada a bater nos meninos que me chateavam, mas valeu a pena. Naquele momento soube o que era ter amigos de verdade, e logo o apelido foi sumindo. Alguns dos meninos em quem eu batia se tornaram meus amigos e outros nem tanto, enfim eu enturmei. Hoje eu posso afirmar: a violência intimida, mas o carinho conquista.
Leticia Lopes de Sousa dos Santos Dias
Muito bonito seu texto Leticia!
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